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"Polícia poderá retirar deputados do plenário
Parecer do PSD e CDS/PP aconselha presidente a não tolerar casos como o do relógio
A repetir-se no futuro um protesto semelhante ao ocorrido a 6 e 7 de Maio, em que o deputado do PND se apresentou no plenário com um relógio de cozinha pendurado ao pescoço, o presidente do parlamento deverá pedir a presença da Polícia para retirar o deputado da sala.
É pelo menos este o entendimento da Comissão de Regimento e Mandatos, num parecer aprovado pelo PSD e CDS/PP, com a abstenção do PCP e o voto contra do PND. O parecer foi solicitado pelo presidente da Assembleia, logo após o incidente do relógio do PND. Miguel Mendonça pretendia saber o que deveria fazer na eventualidade "da repetição em reuniões parlamentares de situações desta ou de natureza afim".
Na resposta, a Comissão presidida por Tranquada Gomes é taxativa: "Parece-nos claro que o poder de autoridade do Presidente da Mesa inclui, nas situações como as descritas no pedido de parecer, o de actuar, quer pela via preventiva quer pela repressiva, contra o sr. deputado que não acatar, sistemática e ostensivamente, o seu poder de autoridade na condução e direcção dos trabalhos, podendo requisitar os serviços das forças de segurança se, dentro dos seus critérios de apreciação da ocasião, entender que essa é a melhor solução para garantir a continuidade dos trabalhos parlamentares".
A Comissão de Regimento e Mandatos sublinha ainda que o presidente do parlamento pode apresentar uma queixa-crime contra o deputado prevaricador, pois pode estar em causa um crime de coacção contra órgãos constitucionais, punível com prisão de dois a oito anos.
Contudo, do julgamento por tal crime não resulta o levantamento automático da imunidade parlamentar e da eventual condenação não resultaria a perda de mandato mas apenas na sua suspensão durante o período de cumprimento da pena."