Li no DIÁRIO
Manuel Martins conhece mães que enganam a fome dos filhos dando-lhes chá.
O cónego Manuel Martins teceu ontem duras críticas à forma como o Governo Regional, nomeadamente através da Segurança Social, vem lidando com a pobreza. Mas foi o 'chumbo' dado pelo PSD/Madeira na Assembleia Legislativa à proposta do Bloco de Esquerda, que propôs a criação de cantinas sociais para ajudar a combater 'pobreza envergonhada', que orientou a denúncia feita pelo sacerdote durante a homilia proferida na Sé Catedral.
"Ouvi notícias esta semana (passada) que o parlamento regional recusou medidas de combate à pobreza, afirmando haver organismos onde podem dirigir-se os pobres", começou por recordar para depois perguntar aos que defendem "tal posição": "Conhecendo como conheço a falsidade de tantas medidas anunciadas de combate à pobreza e situações de miséria e de fome de tantas famílias (...), onde estão esses organismos de ajuda para que eu possa indicá-los aos muitos pobres que diariamente na igreja pedem ajuda".
Segundo o sacerdote, existem casos sociais que precisam de ajuda por causa do "desemprego, alcoolismo, droga" e de "famílias jovens que não podem pagar o crédito à habitação" ou o "pão para os filhos". Há também "famílias que têm idosos acamados e doentes, casais que esperam e desesperam meses à espera de uma reunião com os agentes da Segurança Social para pedir ajuda - e são sempre adiadas ou quase sempre", acrescentou.
A classe médica também não escapou ao olhar crítico do cónego da Sé, já que este denunciou casos de "reformados que continuam a não receber qualquer ajuda para os medicamentos porque na receita vem a cruzinha da não autorização da troca por genéricos".
O Cónego da Sé continuou, afirmando que "há hoje situações dramáticas de injustiças sociais gritantes que causam tanta indignação que muitas vezes levam-nos à revolta". E esta, explicou, nasce naturalmente "da compaixão do sofrimento dos pobres e do cinismo dos insensíveis".
Para Manuel Martins, face a este cenário é preciso "uma grande dose de bom-senso e de caridade para não nos tornarmos amargos perante tantos anúncios de ajuda aos necessitados que não passam de mentiras descaradas"."Conheço pessoalmente situações de pobreza extrema e de fome", afirmou, apontando casos de "mães que para enganar a fome dos filhos recorreram a fazer chá porque já não têm pão". Voltando-se para o interior da instituição que representa, o cónego deixou o seguinte aviso: "E se a Igreja abdicar dessa tarefa da defesa dos pobres por a considerar incómoda, menor ou alheia à sua missão evangelizadora, não está a cumprir com a sua missão".
http://www.dnoticias.pt/default.aspx?file_id=dn04010213220609
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Manuel Martins conhece mães que enganam a fome dos filhos dando-lhes chá.
O cónego Manuel Martins teceu ontem duras críticas à forma como o Governo Regional, nomeadamente através da Segurança Social, vem lidando com a pobreza. Mas foi o 'chumbo' dado pelo PSD/Madeira na Assembleia Legislativa à proposta do Bloco de Esquerda, que propôs a criação de cantinas sociais para ajudar a combater 'pobreza envergonhada', que orientou a denúncia feita pelo sacerdote durante a homilia proferida na Sé Catedral.
"Ouvi notícias esta semana (passada) que o parlamento regional recusou medidas de combate à pobreza, afirmando haver organismos onde podem dirigir-se os pobres", começou por recordar para depois perguntar aos que defendem "tal posição": "Conhecendo como conheço a falsidade de tantas medidas anunciadas de combate à pobreza e situações de miséria e de fome de tantas famílias (...), onde estão esses organismos de ajuda para que eu possa indicá-los aos muitos pobres que diariamente na igreja pedem ajuda".
Segundo o sacerdote, existem casos sociais que precisam de ajuda por causa do "desemprego, alcoolismo, droga" e de "famílias jovens que não podem pagar o crédito à habitação" ou o "pão para os filhos". Há também "famílias que têm idosos acamados e doentes, casais que esperam e desesperam meses à espera de uma reunião com os agentes da Segurança Social para pedir ajuda - e são sempre adiadas ou quase sempre", acrescentou.
A classe médica também não escapou ao olhar crítico do cónego da Sé, já que este denunciou casos de "reformados que continuam a não receber qualquer ajuda para os medicamentos porque na receita vem a cruzinha da não autorização da troca por genéricos".
O Cónego da Sé continuou, afirmando que "há hoje situações dramáticas de injustiças sociais gritantes que causam tanta indignação que muitas vezes levam-nos à revolta". E esta, explicou, nasce naturalmente "da compaixão do sofrimento dos pobres e do cinismo dos insensíveis".
Para Manuel Martins, face a este cenário é preciso "uma grande dose de bom-senso e de caridade para não nos tornarmos amargos perante tantos anúncios de ajuda aos necessitados que não passam de mentiras descaradas"."Conheço pessoalmente situações de pobreza extrema e de fome", afirmou, apontando casos de "mães que para enganar a fome dos filhos recorreram a fazer chá porque já não têm pão". Voltando-se para o interior da instituição que representa, o cónego deixou o seguinte aviso: "E se a Igreja abdicar dessa tarefa da defesa dos pobres por a considerar incómoda, menor ou alheia à sua missão evangelizadora, não está a cumprir com a sua missão".
http://www.dnoticias.pt/default.aspx?file_id=dn04010213220609
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Ora, esta reacção deverá ser comparada ao comportamento e à estratégia do senhor padre do Campanário que preferiu investir 27 mil euros num sistema de som para a sua igreja.
2 comentários:
Meu caro Rui, de maus exemplos está o mundo cheio. E de bons também. Só que dos bons ninguém fala.
A situação da Ribeira Brava é um escândalo, comparável a muitos outros por aí. Mas se uma voz pode não decidir nada, ao menos poderá ser incomodativa.
Boa sorte para o Funchal.
Ao fim de dezoito anos de dedicação pastoral, a diocese do Funchal transferiu o cónego Manuel Martins para outra paróquia da Madeira, alegadamente a pedido do próprio. Aparentemente, tratava-se de uma situação normal, no entanto, é bom recordar o passado do padre - crítico com o aumento da pobreza na ilha e, consequentemente, com o governo regional. De um simples pregador de valores cristãos, tornou-se numa voz incómoda e denunciadora de injustiças sociais. No fundo, é este amor ao próximo que o cristianismo não deveria menosprezar e, muito menos, imiscuir-se com governos déspotas, que fazem lembrar os tempos de concordatas político-religiosas entre o Estado Novo e a Igreja onde o cinismo ditava leis.
http://dylans.blogs.sapo.pt/
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