quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Albuquerque "deve ser candidato"

"Falar é fácil". Para mostrar que não é um "bluff" e que "tem coragem política", Miguel Albuquerque deve candidatar-se a líder do PSD-M no XIII Congresso Regional. O desafio lançado por Lino Abreu é corroborado por Rui Caetano.
Unânimes na defesa da ideia de que o líder da Câmara Municipal do Funchal (CMF) deve prestar contas às críticas deixadas na sua entrevista ao DIÁRIO, os dirigentes do PP e do PS têm opiniões distintas quanto ao conteúdo e o 'timing' das declarações de Albuquerque.
Para Rui Caetano, a posição do autarca funchalense justifica-se "claramente" com o fim do ciclo do seu percurso político [ Albuquerque atingiu o limite de mandatos e não pode ser candidato às autárquicas de 2013].
"Ele disse aquilo agora porque não tem outra saída na Região e está, com certeza, à espera de uma saída nacional, caso Passos Coelho vença as eleições", afirma o vice-presidente do PS.
O socialista considera que o posicionamento de Albuquerque foi agravado pela recandidatura de Jardim e até pela preferência que o líder manifesta em relação ao seu 'vice', Cunha e Silva.
"Albuquerque é o eterno candidato, na verdade a sua hipótese de candidatura foi parar às calendas gregas", ironiza.
Rui Caetano acusa ainda o actual líder da CMF de querer passar a ideia de que é possível mudar a Madeira com o PSD. "Ora, está visto que não é assim e, mesmo que mudem as pessoas, o projecto do partido é sempre o mesmo", declara.
O número dois do PS-M estranha ainda a referência de Albuquerque a Pereira de Gouveia. "Ele defende a renovação. Todavia, o Pereira de Gouveia esteve anos e anos no Governo e é também responsável por este modelo de governação", explica Caetano, acrescentando que os elogios estendidos a Sérgio Marques compreendem-se por se tratarem de pessoas a afectas ao autarca 'laranja'.
"É fácil dizer-se o que se pensa"Contrariamente a Rui Caetano, o centrista Lino Abreu interpreta a entrevista de Albuquerque com um acto de coragem, por parte "do único militante do PSD com coragem para assumir publicamente o que está mal no seu partido".
O empresário lembra, contudo, que a credibilidade vive de acções e considera, por isso, que Albuquerque "deve ser candidato".
Para Lino Abreu, "é muito fácil dizer-se o que se pensa, o que é preciso é que Albuquerque tenha coragem para a apresentar uma lista alternativa no congresso Regional do PSD", abrindo dessa forma um precedente e exercendo alguma pressão sobre o Governo de Jardim.
Desafios aparte, o centrista apoia na totalidade as críticas do líder da CMF à gestão do sector turístico. "Já dizemos muitas vezes que é necessário uma estratégia global em termos de promoção no exterior e um aumento das verbas disponibilizadas", refere Lino Abreu, considerando mesmo que "o que o dr. Miguel Albuquerque defende é o que a Região precisa: novas estratégias e novos políticos".
Jardim sai quando o Jaime quiser"Não menos crítica é a posição de Roberto Almada relativamente às declarações recentes de Albuquerque. O líder regional do BE interpreta os "recados" do delfim para o interior do PSD como uma consequência do seu ressabiamento, defraudadas que estão "as suas aspirações de ser candidato a único importante".
Almada diz nada ter a ver com a vida interna do PSD, mas vai avisando, em jeito de ironia, que Albuquerque sempre esteve enganado quanto à possibilidade de ser candidato a presidente do partido.
"Jardim sai quando o Jaime quiser", declara, explicando que o líder social-democrata só vai sair "quando cair da cadeira, depois de Jaime Ramos achar que o filho Jaime Filipe Ramos tem maturidade política para ser presidente do PSD".
O aviso estende-se a Cunha e Silva, Miguel Sousa, Coito Pita e Manuel António. "Tirem o cavalinho da chuva", conclui Almada.
Bem mais comedido é Leonel Nunes. O comunista escusa-se a comentar a vida interna dos partidos que não o seu, mas sempre vai dizendo que, no PCP-M, a regra é para que as críticas sejam feitas internamente e não na comunicação social.
"Isso não quer dizer que alguém não possa se pronunciar sobre o futuro do seu partido, essa é uma matéria que cabe única e exclusivamente ao PSD julgar", exclama o deputado do PCP-M.

In DIÁRIO

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