terça-feira, 21 de setembro de 2010

O trabalho vence todas as dificuldades

Por Agostinho Soares
Agora que se inicia mais um ano escolar, marcado pelas acrescidas dificuldades de muitas famílias, mas também pela esperança comum a todos os começos, todos devemos trabalhar pela superior qualidade do ensino, conscientes de que a educação é o grande factor de liberdade, de promoção social e de desenvolvimento. Ela tem permitido a mobilidade social de muitos que, de outro modo, não conseguiriam libertar-se da pobreza e da submissão. Para que tal continue a acontecer, a Escola precisa de ser credibilizada, de credibilizar-se.
Os professores viram-se envolvidos, nas últimas décadas, por teorias pedagógicas devedoras de concepções marxistas, que questionavam o carácter supostamente imparcial e objectivo que predominara, entendendo que a Escola reproduzia a cultura da burguesia dominante, “capitalista e exploradora”.
Como resultado destes conceitos, desenvolveram-se correntes que entendiam que o professor deveria reduzir-se ao papel de mero coordenador de debates, onde cada educando introduziria os seus próprios saberes e cultura. O professor não deveria transmitir saberes, já que estes veiculavam a cultura dominante.
Caiu-se na pedagogia não directiva de Carl Rogers, que entendia que se devia acentuar sobretudo a capacidade de autonomia da pessoa para atingir a sua auto-realização. Se a transmissão dos conhecimentos diminuiu, porque a escola deveria ser outra coisa, o professor ainda menos podia afirmar as suas ideias morais ou éticas, passando a relativizar-se todos os valores.
Naturalmente, hoje novos conceitos se elaboram, dado que a ausência de valores de que tanto se fala não é mais do que o resultado desse relativismo e da demissão do papel do educador moral que cabe aos professores e aos pais.
No processo educativo, nem os pais nem os professores se podem demitir, consciencializando-se de que é necessária uma nova prática pedagógica. Há que acabar com o facilitismo, que, na prática, não passa de uma ilusão que se transmite aos jovens, já que, depois, a realidade
social se mostra mais dura. Os jovens têm de ganhar práticas de trabalho e aperceber-se de que só o esforço continuado lhes permite o acesso ao conhecimento necessário.
Labor omnia vincit!

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