As levadas que transportam a água
As Câmaras Municipais da Madeira demonstram a sua dificuldade em gerir os destinos dos Concelhos com orçamentos de contenção e de rigor. As últimas decisões vêm dar a entender que primeiro olham para os seus interesses imediatos, alguns deles longe do anseio dos munícipes, e só depois é que surge a preocupação com os problemas dos cidadãos. A medida de criar uma tarifa de disponibilidade de serviço em substituição da taxa de aluguer dos contadores da água vai nessa linha de actuação. As justificações apontadas não conseguem abafar o erro estratégico nem o quanto estão a prejudicar os munícipes.

O Governo da República criou uma nova lei de Serviços Públicos Essenciais que proíbe a cobrança de taxas de aluguer dos contadores de água, luz e gás.
Esta proposta viria beneficiar os cidadãos, reduzindo as suas despesas e equilibrando, um pouco, os orçamentos familiares.
Não obstante, as autarquias recusam perder aquelas verbas, fundamentando a iniciativa com os problemas de tesouraria e a necessidade de não reduzir os seus orçamentos. Estas Câmaras lembram-se das suas dificuldades, todavia, esquecessem dos graves problemas das famílias madeirenses.

Estas famílias, ao longo dos anos, têm gerido os seus orçamentos com rigor e contenção, definindo as suas prioridades. As autarquias, por outro lado, têm vivido ao sabor do esbanjamento e do desperdício. Nunca souberam actuar com regras, não sabem governar com poupança nem conseguem investir em projectos sustentáveis. Por isso, querem que seja o povo a custear os seus erros e a má gestão dos dinheiros públicos.
As Câmaras, nos últimos tempos, andaram a viajar com inúmeras comitivas à Venezuela, despejaram milhares de euros no futebol profissional, sem qualquer retorno para os concelhos, pagaram jantares e outras festas de clubes desportivos profissionais.
Gastaram sem ter em conta critérios objectivos ou qualquer sentido de prioridade. Não é justo nem correcto exigir mais esforço das famílias madeirenses.