sábado, 26 de abril de 2008

De Abril permanece a esperança!


Na Madeira, para o PSD, o que está em causa não são os acontecimentos históricos, o que os atormenta não são os capitães de Abril, nem os pormenores da revolução, o que estes PPDs recusam são os mais profundos valores de Abril: a pluralidade, o direito à contestação, à revolta contra as injustiças, o primado da lei e, acima de tudo, não toleram a semântica da palavra liberdade. Temem que a prática regular destes valores crie no povo a necessidade de um novo sonho de mudança.
Antes de Abril, não havia liberdade de expressão, no entanto, hoje, essa mesma liberdade continua limitada.
O problema é ainda mais profundo e mais pernicioso, porque o que existe agora é o culto da auto-censura. A mitologia do medo enraizou-se na mentalidade dos cidadãos madeirenses, transformando-se numa forma de vida que impede o livre exercício da cidadania e desvirtua os princípios básicos da democracia.
Falta cumprir-se Abril.
Ao longo destes 30 anos, o PSD-M decretou o seu modelo de desenvolvimento, estruturado em cinco pilares: primeiro, anulou qualquer hipótese de alternância política. Segundo, controlou todos os sectores da sociedade madeirense. Terceiro, gastou, esbanjou, sem rigor, de um modo apressado, sem tempo para estudar ou ponderar. Quarto, recusou as ideias dos parceiros sociais, invalidou o papel das oposições e não criou as condições necessárias para o aparecimento de um tecido económico e empresarial independente e empreendedor. Quinto, escondeu os grandes problemas sociais e económicos da nossa sociedade: a droga, o alcoolismo, a criminalidade, a violência doméstica, a pobreza, o desemprego e a corrupção.
Reconheço todavia a importância de um conjunto de obras lançadas por estes governos laranja, o problema foi que não deram o passo seguinte, estagnaram num único modelo, faltou-lhes visão estratégica, ou vontade política, para sair do betão.
A gestão deste trajecto, ao sabor da arrogância de um único partido político e num estilo autocrático, destruiu o sonho de Abril. Isto é, inviabilizaram a construção de uma sociedade madeirense onde as pessoas estivessem em primeiro lugar. Onde não fosse necessário comprar fiado nas farmácias. Onde os idosos não fossem abandonados à solidão. Onde a educação e formação criassem espíritos críticos, preocupados com os seus próprios problemas. Onde o progresso não fosse propriedade privada. Onde houvesse justiça social. Onde a solidariedade fosse uma atitude de vida. Onde o desenvolvimento significasse menos precariedade laboral, menos desemprego, menos exclusão social, menos pobreza, menos insegurança e mais confiança nas instituições.


De Abril permanece a esperança.

20 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Há cerca de 2 meses estive aí e percorri quase toda a ilha da Madeira.
É inegável que há obra feita. E isso dá votos.
Só que é fácil constatar que com o dinheiro gasto (da CE e do Continente...) qualquer outro político ou partido faria o mesmo ou muito provavelmente melhor.

Só quando o cacique sair é que será possível a alternância política. Até lá... aguenta-te...

Bfs, abraço.

Elvira Carvalho disse...

E a esperança, é a força que nos faz sobreviver.
Bom fim de semana
Um abraço

Jay Dee disse...

Viva =D

mdsol disse...

Resta solidarizar-me com as suas palavras.
:))

MMV disse...

Amigo Rui,

Tanto centro de dia, onde os idosos podem ir... Estão abandonados?

Uma saúde sem pagar taxas moderadoras... Centro de saúde em todos os concelhos... Faltam médicos, mas falta em todo o país!

Falta limar algumas arestas como em tudo... Há sempre que nos superar para atingir algo melhor!

Falta de liberdade? Se houvesse falta de liberdade como poderia escrever isto sem que sofresse consequências? Sabe bem que nada lhe acontece por dizer ou deixar de dizer...

Paulo disse...

Tudo é certo...

Espaço do João disse...

Ontem, hoje e amanhã , Abril para mim será uma data que jamais esquecerei. Lancei as grilhetas nas profundezas de Mindanau. Há cinco anos estive nesta data em Cabo verde e, não me esqueci que estava no território do Tarrafal.

Espaço do João disse...

Meu caro Rui.
Será que todos entenderão o que será dessa criança daqui a 25 anos , quando se comemorar novamente o 25 de ABRIL. Espero bem que nossos políticos não percam tempo em blá, blá, blá, e que tragam para as escolas a realidade do antes e depois do 25 de Abril. Já é tempo de emalar a trouxa e Zarpar... Tanto tempo perdido , tanta democracia deitada às ortigas, tanta água debaixo das pontes e, poucos a saberem quão foi duro viver em ditadura.

Espaço do João disse...

Que bela fotografia.
Parece a sala de torturas da António Maria Cardoso. A juventude de hoje sabe desperdiçar bem o sacrifício de muitos . Se soubessem o que eram os curros , talvêz dessem mais atenção e melhor aproveitamento da liberdade.

addiragram disse...

A esperança e o não-conformismo! Abril e todos nós merecemos isso!

Heduardo Kiesse disse...

E nesta espera, a esperança persiste acesa!! um forte abraço fraterno amigo! bom domingo, e que texto, dá que repensar...!!

Alexandro Pestana - www.miradouro.pt disse...

Quem vai arrumar a pastilha vão ser os da minha geração!

Anónimo disse...

Pois, mas Sócrates tem medo de vir à Madeira!

Justine disse...

De Abril permanece o sonho, que leva à raiva, que conduz à acção!
Um abraço grande, de Abril

Luna disse...

Ainda há tanto por fazer para o 25 de abril ser o que sempre desejamos
Bj

Pétala Rubra disse...

Não se pode desistir... enquanto houver gerações após as nossas, a luta tem que continuar...

Tem algo para você, lá no meu cantinho.

=)

blindpeople disse...

È triste se nâo vosse o 25 de abril este senhor nunca se encontrava no tacho que o povo da parvônia o deu!
34 anos de poder.....tem destas coisas o verdadeiro culpado disto è sem sombra de duvida è este senhor que durante o seu regime ¨fartou_se¨ de esmagar tudo e todos que se lhe apareciam à frente.....o povo da parvônia esse vai abrir os olhos, e quando esse dia chegar, vai SE DEPARAR com uma cova pra se enterar.
Essa cova continua a ser cavado por este regime ¨PSD¨, MAS DEPOIS NÂO SE QUEIXEM!!

Anónimo disse...

ai este sócrates

Advogados pagos pelo Governo
25-Abr-2008
15 milhões de euros por ajuste directo. Uma sociedade de advogados recebeu 27% do total gasto pelo Governo em 4 anos. Quatro grandes escritórios de advogados concentram cerca de um terço do dinheiro gasto pelo Estado na contratação de serviços jurídicos externos, no período 2003/06. Os governos de Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates gastaram um total de 15,7 milhões de euros com a sociedade Sérvulo Correia a receber 4,2 milhões de euros deste total.
Trata-se de gastos sem qualquer concurso público ou até consulta ao mercado. A regra tem sido o ajuste directo, desconhecendo-se os critérios que levam à contratação de um determinado escritório ou advogado,em detrimento de outros. E constata-se que cada ministério recorre quase sempre aos mesmos juristas. Mas mesmo assim, fora dos dados agora revelados, estão organismos como as Forças Armadas, polícias, institutos e empresas de capitais públicos - onde se concentra a maioria da despesa com juristas.

Estas são as principais conclusões que se podem tirar da análise dos dados relativos à contratação de serviços jurídicos externos ao Estado que o Governo foi obrigado a fornecer ao SOL após decisão do Supremo Tribunal Administrativo. Mesmoassim, a Presidência do Conselho de Ministros (que coordenou a resposta do Executivo nas várias acções judiciais movidas pelo SOL) apenas divulgou quadros com a informação que recolheu nos diversos ministérios.
A título de exemplo, refira-se que, no caso dos quadros relativos ao Ministério da Agricultura, não consta nenhuma informação sobre a contratação das sociedades de Sáragga Leal/José Miguel Júdice e Morais Leitão por parte de diversos organismos daquele Ministério com um custo total de 187 mil euros. Este valor consta dos respectivos contratos - os únicos a que o SOL teve acesso, por intervenção do Tribunal Administrativo de Lisboa.

jawaa disse...

Fiquei deslumbrada com este texto. Decerto porque coincide com a ideia que tenho da Madeira, esse paraíso natural em que falta fazer tanto pelas pessoas.
Bonito esse parágrafo último e fotografias soberbas.
Um abraço

Luis Eme disse...

que Abril se cumpra na Madeira, apesar de todos esses muros erguidos...