quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Li no Blogue do deputado do PS, André Escórcio:
-
-
Acabo de assistir a duas intervenções de grande qualidade: uma protagonizada pelo Deputado Dr. Carlos Pereira e, outra, por parte do Secretário de Estado do Emprego, Dr. Fernando Medina. Falaram de políticas de emprego.
O Dr. Carlos Pereira caracterizou, de forma ímpar, as causas que subjazem à gravíssima situação da Madeira, as quais assentam em três razões essenciais: 1º opções estratégicas erradas do governo regional; 2º excesso de endividamento (seis mil milhões, face a um PIB que ronda os 4,5 milhões); 3º inadmissível gestão dos interesses instalados (exemplo: os transportes marítimos mais caros da Europa). Face a estes três pontos, no caso das opções erradas, destacou, entre vários exemplos, o das Sociedades de Desenvolvimento, onde foram investidos 500 milhões e que geraram 194 postos de trabalho, em contraponto aos 172 milhões no sistema empresarial que geraram cerca de 5200 postos de trabalho. Adiantou, ainda, que tais "sociedades" que, em teoria, visaram a fixação das populações, na prática, revelaram-se de pouco interesse pois o norte perdeu cerca de 20% da sua população.
Opções também erradas no sector do Turismo (30% do PIB) onde o descontrolo é evidente no quadro da oferta.
É um absurdo a Madeira não possuir um documento estratégico pelo qual se guie, daí que não fora o apoio do governo da República na promoção externa e a situação seria hoje muito mais complexa. Adiantou, ainda, como opção errada, o posicionamento estratégico do governo regional em matéria de zona franca (21% do PIB) a qual não acrescenta riqueza.
A terminar a sua intervenção, apontou para o caminho a seguir: maior investimento e rigor na Educação, no empreendedorismo (criação e apoio empresarial), inovação e tecnologia, áreas absolutamente deficitárias na Região como provam os vários indicadores estatísticos. Uma Autonomia que se fecha sobre si própria só pode apresentar estes resultados, sublinhou. Falta, por isso, à Madeira uma política baseada nos três T "tecnologia, talento e tolerância (democracia).
Por seu turno, o Dr. Fernando Medina colocou a questão do Emprego em função de três perguntas essenciais: 1ª como sair da crise, como colocar a economia a crescer e como reduzir o desemprego. Em função destas três grandes questões elencou quatro respostas:
1º uma atitude de confiança (não podemos estar à espera que a crise passe).
2º apoio ao sistema empresarial (ajudar a resolver o grave problema de capitalização das empresas, atacando os problemas na raiz. Simultaneamente, incentivando uma política de qualidade dos produtos só possível com o recurso à qualificação dos recursos humanos).
3º protecção do emprego (importante para a coesão social e para a competitividade, investindo, em tempo de crise, na formação e qualificação das pessoas de tal forma que se apresentem melhor preparados aquando da retoma).
4º qualificação inicial dos recursos humanos (tudo começa num combate precoce ao abandono e insucesso escolares. Trata-se de uma condição base, que leva muitos anos e que só através de um esforço titânico se conseguirá ganhar tempo ao tempo perdido).
São estas quatro preocupações que devem nortear as políticas de emprego, disse o Secretário de Estado, pois hoje sabe-se que a falta de qualificações impossibilita a conquista de postos de trabalho cuja oferta é hoje determinada por quem possui o ensino secundário e superior. É por isso que o programa "Novas Oportunidades" envolve já um milhão de portugueses que corresponde a 20% da população activa. Infelizmente, na Madeira, a oferta atinge 7.700 pessoas, quando, proporcionalmente, deveria atingir cerca de 30.000.

Sem comentários: