quinta-feira, 21 de maio de 2009

Ainda o futebol - Excelente crónica hoje no DIÁRIO

245 mil "sócios e accionistas"
Com a 'táctica' de 31,5 milhões para o estádio, Pereira até esqueceu as rifas de Jardim.
Os sorrisos que vimos estampados nos rostos dos ilustres dirigentes do Marítimo e do presidente do Governo Regional, na Quinta Vigia, só não são de sarcasmo porque os 31,5 milhões de euros dos 46,5 milhões necessários para o tão propalado estádio, vão sair do bolso dos contribuintes.Garantido que ficou o financiamento no final do encontro na Quinta Vigia, Carlos Pereira até conseguiu interpretar as provocações de Alberto João Jardim como ninguém o fizera.
Ao contrário do que todos nós lemos e ouvimos, o chefe do Executivo não propôs que o plantel do Marítimo fosse rifado "do meio campo para a frente". Jardim dispensou dois terços dos jogadores mas isso resumiu-se, afinal, a "um aproveitamento da comunicação social em relação ao desabafo de um sócio e accionista do Marítimo", entendeu assim Carlos Pereira.
Ora, não é um "sócio e accionista", nem é Alberto João Jardim. São 245 mil madeirenses que voluntária e involuntariamente contribuem para os devaneios do futebol. Ainda que aqui haja uns mais conscientes do que os outros, não creio que a maioria dos madeirenses, maritimistas ou não, se revejam nesta política de apoios, porque elegem outras prioridades para a Madeira, em domínios como a Saúde, a Cultura e o Emprego.
Perante a actual conjuntura sócio-económica, chega mesmo a ser uma ofensa para todos nós. Se as contas fossem feitas à medida da rentabilidade financeira e da capacidade de gestão da SAD desportiva do Marítimo, as metas e as ambições seriam certamente outras. Com 'tácticas' destas...
Ricardo Duarte Freitas - Jornalista

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