domingo, 23 de março de 2008

Agressões a professores

O caso da professora que foi empurrada e humilhada por uma aluna, que tentava recuperar o seu telemóvel, e desprezada pelos restantes alunos, que assistiam à cena aplaudindo, ganhou contornos mediáticos apenas e só porque foi visto por todos, mas, esta realidade é apenas a ponta do icebergue. E o que não se vê?
Aquele caso foi dos menos graves, pois se deitarmos atenção ao que se passa em algumas das nossas escolas, em todo o país, ouvirão casos muito mais graves. Há casos, não isolados, de professores(as) agredidos fisicamente, espesinhados verbalmente, desrespeitados de um modo vergonhoso.
E estes casos, muito mais graves, têm sido publicados pela Comunicação Social, no entanto, como ninguém vê ao vivo, em directo, até parece que é mentira, parece que é fruto da imaginação, está mais distante, por isso, parece que são menos importantes.
O curioso é que as consequências recaem sempre no professor.
O Director de turma, que não é jurista nem ganha mais um cêntimo por essa tarefa, tem de eleborar um processo que lhe consome dias e dias de trabalho e depois do processo de averiguações, inquéritos e conselhos de turma, na maioria dos casos, nada acontece ao aluno(a).
Nas restantes situações, quando apanha dias de suspensão, o aluno é atirado para fora da escola sem acompanhamento, sem aconselhamento, sem uma semana junto de técnicos especializados, multidisciplinares, que procurem transmitir um conjunto de regras de convivência e valores de respeito e comportamento social.
Na semana seguinte, o aluno(a) está, de novo, na mesma sala de aula, igual ou pior do que estava.
No meu entender, é aqui que as coisas também têm de mudar. Primeiro, o processo deve ser realizado por um jurista, não pelo Director de Turma, depois, o aluno ou aluna, se apanhar dias de suspensão, não deve ir passar "férias" para casa, deve frequentar, obrigatoriamente, um conjunto de aulas especializadas num outro estabelecimento, numa outra instituição.

12 comentários:

lalisca.cs-life disse...

Não podia concordar mais contigo!!
Acho ainda que nos dias da suspenção os alunos deveriam trabalhar um pouco na própria escola, acho que isso lhes daria uma outra prespecativa do trabalho desempenhado por professores e funcionários.
beijinhos!!

Kênia Garcia disse...

Infelizmente a situação é tão grave quanto verdadeira, e não está longe de nós. Conheço professora que passou pela terrível situação de agressão física por aluno de cerca de 8 anos de idade. Lamentável.

Mas ainda considero que a educação deve começar em casa. É uma pena que nem sempre os pais dão atenção, educação merecida e devida que certos filhos merecem, se tornando indiferentes em meio à situações como está.

Abraço.

Paula Calixto disse...

Onde está o âmago da questão nessa história: eis a questão desses nossos tempos modernos.

Beijos.

vieira calado disse...

Plenamente de acordo.
É já agora haja quem me diga como é que se pode avaliar o professor se os alunos não são avaliados?
Que eu saiba, já no meu tempo de professor, passavam (muitos alunos) ser saber nada, por "imposição" superior, para mostrar números à Europa.
Agora parece que ainda é pior. Isso dizem os professores do Secundário, em relação aos que vêm do Ensino Obrigatório, os tais "números para inglês ver",
e depois os Universitários que se queixam que os que vêm das Escolas Secundárias cada vez sabem menos.
Um abraço.

gaivota disse...

tenho forçosamente que exprimir a indignação que tudo isto me causou, não acho de todo normal ou natural que um(a) aluno(a) proceda deste modo, nem que um(a) professor(a) se sinta intimidado a ponto de se conseguir transmitir estas imagens...
nem escola, nem professores, nem aklunos, nem Pais de alunos!!!
é uma vergonhaaaaaaaaaaaa

Yessi disse...

Hola, vengo a aagradecer tu visita a mi blog.....es un bonito espacio el que tienes por aqui.....nos segios leyendo.

Abrazos.

Unknown disse...

O que falta a muitos dos jovens de hoje é uma palmada da autoridade, cujos pais continuam a querer delegar nas instituições que os seus filhos frequentam.

Depois admiram-se...

Carlos II disse...

É um assunto que não me surpreende. E a culpa não são dos alunos, dos professores, dos pais ou dos responsáveis políticos do sector. Os culpados, somos todos nós. Este caos social, nasce, a meu ver, da ausência de valores que são essenciais e que no passado, embora vivendo em ditadura, forjou homens e mulheres com um grande sentido do dever. É isso, do dever. Hoje, proclama-se mais os direitos, o ter em detrimento do ser. Os direitos das crianças, os direitos dos trabalhadores, os direitos dos empregadores, os direitos das minorias, os direitos a sermos diferentes. Ao individualismo, enfim. Por isso, se é assim, não se queixem.

Lapa disse...

Muito bem visto, um jurista.

MMV disse...

Acho em todo o lado isso acontece...

Os alunos são vistos como os coitadinhos ninguém faz nada!

Eu tive nas minhas turmas professores maus e alunos maus... E nenhum deles foi sancionado em nada! Educação é muito triste em Portugal!

fotógrafa disse...

Obrigada pela visita, e as férias, apesar de mini...foram muito boas...
abraço

Mateso disse...

Atrasada por motivos familiares, todavia eis-me na ronda habitual que que já me fazia falta.
O tema é particularmente caro , pois que sou professora. Daquelas antigas para quem o móbil de uma sala de aula é veicular conhecimentos, ensinar, exercitar as mentes e brincar com o espiríto numa aprendizagem comum, mas sempre olhando o futuro daqueles que me cabe ensinar. Ora, após trinta e dois anos de ensino (Inglês),verifiquei que estou tremendamente errada, tremendamente ultrapassada, aberrantemente fora de contexto e espiritualmente quase deficiente. O intuito do presente ensino, não é que os alunos saibam, é que os alunos passem. Os pais, e perdoem-me se vou ser caustica,preferem notas, notas e pouco trabalho. Todos sabem de tudo. Resumidamente o ecletismo transbordou para os lares ,mas caso curioso, nunca é transmitido nas ocasionais reuniões familiares, talvez, quem sabe, por falta de tempo ou melhor de disposição. O cansaço familiar é uma constante em
cada lar deste país, obviando as conversas, o relacionamento entre pais e filhos. Os profesores vão passando ,cada vez mais, por ser os pais desautorizados ,e simultanemante os "carrascos " dos meninos. São incompetentes, permissivos e maus formadores, isto é a classificação da população em geral ,e mormente de muitos progenitores.Ora ,quando em casa se ouve o rosário de
"bons" atributos, quando a impunidade verbal e gestual é consentida , porque nõ transportá-la para a escola, onde uns tantos papalvos até fazem o favor de os aturar, para terem, afinal, direito ao seu a pão de todos os dias?. Ninguém perguntou aos professores o que pensam dos pais dos seus alunos. A sociedade julga-nos para não ser julgada, porque bons e maus profissionais existem em todos os lugares. Afinal, alguém neste país, já ouviu um professor dizer ao seu aluno: "-Oiça o José é parvo porque o seu pai é um idiota"? Não, pois ,não! E ainda bem que não! Pense-se nisto um pouco... e talvez as atitudes mudem...