domingo, 4 de novembro de 2007

Comas alcoólicos dos estudantes nas praxes

"O Rali das Tascas".
O que dizer desta forma tão peculiar e "formativa" de integrar os novos alunos na Universidade? A Associação de Estudantes da UMa e as respectivas comissões de praxes organizam, todos os anos na Madeira, o "Rali das Tascas".
O objectivo, segundo li no DN, é quem mais beber é o vencedor, isto é, o grupo de universitários que conseguir chegar ao final do "rali da bebedeira sem limites" com mais elementos é considerado o grande vencedor.
Mas que integração no mundo universitário!
Já percebi porque é que há tanta gente a se arrastar pelas universidades, anos e anos, sem acabarem o curso, e o Estado é que suporta isto.
Esta aventura das tascas, sem qualquer sentido, aprovada e incentivada por uma Associação de Estudantes, fez com que, nestes dias, pelo menos, 10 alunos ficassem internados no Hospital em coma alcoólico.
Além das fortes bebedeiras que provocaram confusões e agressões, atingindo a polícia e outras pessoas que circulavam no local, vários estudantes universitários foram detidos e presentes em tribunal, pelas tais agressões cometidas, por injuriarem e desobedecerem às autoridades.
Este episódio, que os mesmos de sempre tentarão desvalorizar, vem trazer para a discussão, mais uma vez, as polémicas praxes.
Recuso o silêncio sobre esta matéria. O discurso reinante de que as praxes existem para integrar os novos alunos na Universidade, para mim, é uma mentira clamorosa.
Estas actividades de praxes têm apenas a função de humilhar e exercer um poder abusivo e sem regras contra os estudantes caloiros que devem obedecer cegamente.
Há que apurar responsabilidades.
Estas vergonhas não dignificam ninguém, antes pelo contrário, colocam em causa a segurança e a saúde dos universitários e mancham a imagem pública da Universidade da Madeira.

31 comentários:

Maria Silva disse...

Olá,
Estou plenamente de acordo com a sua opinião. Fui estudante universitária em Coimbra, na época a academia estava de luto não havia praxe, nem queima. Com o 25 de Abril, os comerciantes tentaram reactivar a vida académica, são os que mais lucram com toda esta fantochada que não nada tem de espírito académico.
Desculpe o desabafo.

Anónimo disse...

Os que mandam nestas praxes são os vadios que não têm capacidade para acabar os seus cursos, vingam-se nos caloiros e querem arrasta-los para a bebedeira e muitas outras coisas mais. Mas os reitores não fazem nada.
Eu sou universitária em Évora e recusei ser praxada, nem imagina o que me fizeram. Custou muito mas dei a volta por cima.

Blueminerva disse...

Absolutamente degradante é o que é.
Gostaria de ouvir a Associação de Estudantes e o respectivo Reitor da UMA acerca das consequências desta palhaçada.
Um abraço

Sol da meia noite disse...

Falas aqui de algo que sempre me deu que pensar. É que nunca consegui encontrar nem lógica nem contexto para tais atitudes.
*

EMESILVA disse...

de facto nunca entendi este tipo de atitudes, que por vezes têm comportamentos de racismo...julgo que as Associações deviam revêr toda esta matéria , mantendo a tradição, mas dentro de uma lógica de respeito pelos outros.

abraço..

Berta Helena disse...

Não posso deixar de estar de acordo consigo. Considero absurdo essa coisa das praxes, nunca fui capaz de entender.

Anónimo disse...

Eu tambem fui anti-praxe e fizeram-me das boas por causa disso mas eu ando a tratar da saude de alguns meninos... Se calhar ainda este ano acabo um documento que estou a fazer para enviar ao ministério da ciencia e tecnologia para endireitar certas coisas que se andam a passar no ensino superior neste país.É uma vergonha este tipo de coisas mas mais burro é quem alinha nelas...

Maria Vicente disse...

obrigado pela visita no meu bloguito.
lembro-me de ir com umas amigas a uma queima das fitas a Coimbra no meu tempo de estudante, assim que saí do expresso deram-me um enorme copo de cerveja, atras dele vieram muitos outros e veio também uma grande bebedeira e má disposição. não gostei de nada do que vi, fiquei feliz por não pertencer ali.
tudo de bom, até breve e virei visitar-te com mais atenção.

theresia disse...

Concordo consigo. Tem de se apurar responsabilidades e tem de urgentemente de se alterar a forma como se fazem as praxes. Confesso que para mim eram abolidas, não lhes encontro lógica ou razão de ser. Ou será que a única razão é humilhar os mais novos? O pior é que se esquecem que algumas dessas brincadeiras já levaram alguns "caloiros" ao suicídio é que nem todas as pessoas aguentam as pressões da mesma forma.

MMV disse...

Eu como estudante universitário, no qual fui praxado e praxo... A praxe nao tem nada a ver com rali das tascas nem nada disso...

Primeiro esse rali das tascas nao faz parte de praxe nenhuma... Isso é uma competicao que se fez... Onde estavam praxadores como caloiros, com isto quero dizer que o estudante presente a tribunal é um veterano (alguem que pertence à comissao de praxe e da associacao)...

Segundo as praxes sao boas e sempre fizeram parte da nossa cultura, cultura portuguesa. Com isto quero dizer que é importante para integrar os alunos no meio academico, dos melhores amigos que tenham foram na praxe que conheci... Quem nunca foi praxado nao poderá dizer se é bom ou mau porque torna-se algo dificil... Em tempos serviu para protestar contra o Regime Cooperativista que existia no nossa país. Mais recentemente serviu para protestar contra as propinas... (mais precisamente 2004) quando os estudantes na Latada foram agredidos pela policia, devido ao grande aumento das propinas.

Terceiro se perguntarem aos milhares de estudantes praxados todos os anos em quase todas as universidades do país (tirando Lisboa que tem fortes associacoes contra praxe e contra tradicoes academicas) todos esses alunos irao dizer que gostaram e se sentiram bem nas praxes!

Quarto Rali das Tascas completamente diferente de praxe... Eu falei com alunos da UMa e esses disseram que o Rali das Tascas nao parte de praxe nenhuma... Tal como havia na minha faculdade e foi abulido há dois anos devido a problemas semelhantes... Contudo substituiram pela garraiada!

As praxes serao sempre bem vindas, se se cumprir o codigo de praxe!

quintarantino disse...

E chamam praxe e tradição académica a isso? Louvados sejam!

samuel disse...

Tudo o que "é da praxe", cheira-me sempre um pouco a autoritarismo e reaccionarice...

Jay Dee disse...

A imagem está um espectáculo!
E as minhas praxes foram um espectáculo!

Carmim disse...

Vi a notícia no jornal da hora de almoço. De facto, são acontecimentos que não dignificam ninguém e para os quais não consigo encontrar nenhuma justificação aceitável.

Beijos.

Tiago R Cardoso disse...

Concordo em tudo.

Estas praxes modernas só servem para desvirtuar o espírito académico, dando uma péssima imagem dos estudantes.

Anónimo disse...

Os meninos acham que o coma alcoólico e andar pela rua bêbado é cool...
É a geração cool....

Mas...na verdade, não passa de mais um episódio degradante.

PostScriptum disse...

Sou contra as praxes. Dito isto, parece-me clara a minha posição.
Abraço

bettips disse...

Sou contra excessos, menos de beleza ou natureza! VG foi um pensamento e não reflexão. Sentir do dia... Abç

amsf disse...

O mais "engraçado" é que a Comissão de Praxe justificou-se afirmando que os participantes no Ralí das Tascas assinaram um documento a desresponsabilizá-la do que pudesse vir a acontecer! Essa gente não percebe que esta não é uma questão legal mas de bom senso!?
Os veteranos geralmente são os piores alunos das universidades...significará isso que os caloiros devem vê-los como modelos?

Anónimo disse...

E um crime de dano contra o gato.
E outro contra os direitos dos animais.

Silvia Madureira disse...

Eu concordo com o texto...embora eu sempre me recusasse a fazer o que baixasse a minha dignidade...mas tomar este partido era complicado. Penso que as Universidades começam logo mal no início...este é um ponto de partida muito mau. E depois existe a fantástica cerveja nas queimas para ajudar a degradar os jovens já degradados.

beijo

avelaneiraflorida disse...

Cada um é (i)responsável pelos actos que partica!

OU ISSO Já NÂO FAZ PARTE DA URBANIDADE????

Anónimo disse...

Antes que nada quero fazer de conhecimento público que as praxes da universidade da madeira pouco o nada têm a ver com as praxes ou o que significa praxe em Coimbra ou Évora, por isso não existe nem pode haver comparação possível.

Para as pessoas que não conseguem compreender o objectivo da praxe…. é para integração, para se conhecerem não só aos colegas de curso, mas sim toda a comunidade académica, fazer da universidade uma casa, dos colegas uma família.

Minha experiência como caloira da universidade da madeira, foi uma das melhore, algo que nunca na vida vou esquecer, fiz os melhores amigos que hoje dia posso ter, e agora como praxista posso dizer que nada mudo, a minha família académica continua a crescer e é algo do que me sinto muito orgulhosa, nunca vou sentir vergonha de usar o traje académico, porque ele faz parte de minha vida e continuara a ser mesmo até morrer. Académico uma vez, académico sempre.

O Rally das tascas é uma tradição académica, mais se é muito confuso para todos, pensem que foi um sábado qualquer de festa, sim, porque nisso não se fala, quantos rally’s há todos os fins-de-semana?.

No Rally participa quem quer, não forma parte da praxe, nem pode ninguém ser obrigado a beber, até porque na UMa existe um que o proíbe e que é respeitado por caloiros e praxistas.

Para ás pessoas que acreditam piamente no jornalismo português, desejo boa sorte…
Se querem saber como é de verdade a vida académica então assistam as praxes vejam a realidade como ela é e não como ela quer ser vendida nos jornais. Não se deixem alienar.

José António Barros disse...

� interessante constatar que os praxadores & C� deixam sempre umas miser�veis apologias na tentativa de justificar os seus actos. A lenga-lenga da tradi�o j� n�o pega. Agora at� me ri �s gargalhadas com esta nova de que as praxes e associa�es de tot�s �...Mais recentemente serviu para protestar contra as propinas...� lol foram t�o ben�ficas que hoje pagamos a propina m�xima. � triste, mas essa teve piada.

Unknown disse...

Isto de responsabilidade tem muito que se lhe diga... é uma espécie de manta curta que não tapa nem pés, nem cabeça.

Foram várias as situações que assisti neste dia e, depois de ouvir várias pessoas sobre este assunto, não sei o que é pior: estes acontecimentos se verificarem ano após anos ou se é ver que o resto do mundo se está nas tintas para este facto...

7 disse...

Concordo com tudo escrito. Isto é a lixeira académica. Isto não são comportamentos cívicos, nem exemplos para a sociedade, como tal penso que deveria ser proibido a venda de bebidas alcoólicas aos estudantes, ou então tornar-lhes o caminho mais difícil em direito do bem estar deles e dos outros que os rodeiam que somo nós.

Ad astra disse...

Sabes em que pensei Rui,para alem de todo o rsto e em primeiro lugar?
Nos pais destes meninos,nos enormes e dificeis sacrificios que alguns fazem, para que os fihos possam ter um futuro, que sentiraão eles nestas alturas?

Calimera disse...

Concordo plenamente cyg e isso não acontece só na Madeira, mas penso que em todo o País.
Tenho um filho na Universidade e qd ele entrou senti-me triste por ele não ter alinhado nas praxes. Ele explicou-me tudo e hoje sinto-me orgulhosa do filho que tenho.
Lamento apenas é que estes miudos que não alinham nas praxas tal como o meu filho tb sofrem consequências e disso tb ninguém vê e fala.
Obrigada por todos os teus comentários e obrigada por este teu post.

Beijinho grande

Joana disse...

Ouvi uns zunzuns acerca desses desacatos. E tenho pena.
Também fui praxada e na minha Faculdade também houve um dia/tarde de rali das tascas. Por razões que, tenho a certeza, se prendem com a minha personalidade não fui muito adepta nem das praxes, nem do rali. (Já o meu irmão e as minhas irmãs vibraram com essas iniciativas todas.) Digo que não fui adepta dessas "festarolas" porque simplesmente não fiz tudo o que me mandaram, não me declarei anti-praxe, achava na altura que isso seria fugir e (ainda hoje) não sou disso. Fiz muita coisa, palhaçadas basicamente, mas sempre que me mandaram fazer algo que considerei pouco dignificante não o fiz. E nunca ninguém me ostracizou ou tratou pior por isso. No rali das tascas recusei-me a beber, disseram-me apenas que outro beberia por mim... (!)
Se serve para integrar as pessoas não sei, sei que faz crescer porque molda carácteres e isso é muito importante.

Jinhos.

Anónimo disse...

gostaria de saber porque é que o meu post nunca foi publicado? demasiado directo ou feriu alguém?

MMV disse...

Concordo com jj! E escrevi algo no meu blogue acerca!