domingo, 11 de novembro de 2007




O Idiota é um dos mais fabulosos romances de Fiódor Dostoiévski. Conta a história de um Principe, bom e humilde, colocado em confronto directo com a dura realidade envolvente.
Nesta obra intemporal, encontramos o conflito sentimental profundo entre o bem, o mal, o belo, a aversão e o rancor, mas sempre sem nos depararmos com uma resposta definitiva.
Li e gostei imenso. Mais um dos livros que vale a pena ler.


Um excerto:
"Em volta dele tudo era silêncio, um silêncio bom, claro, com um restolhar de folhas suave que parecia tornar o silêncio e a solidão maiores (...) por fim acercou-se dele uma mulher. Neste rosto havia tanto arrependimento e tanto terror que mais parecia o de uma horrível criminosa que acabara de cometer um crime hediondo. Uma lágrima única tremia-lhe na face pálida; chamou-o com a mão e levou um dedo aos lábios, como que avisando que fosse atrás dela sem barulho. O coração dele esmoreceu num desmaio; recusava-se , recusava-se com todas as forças a vê-la como uma criminosa, mas sentia que alguma coisa de terrível ia acontecer agora, e para toda a vida."

Outro excerto:
"Quero ser corajosa, e não ter medo de nada. Não quero ir aos bailes deles, quero ser útil. Há muito que eu me queria ir embora. Há vinte anos que me mantêm fechada e passam a vida a tentar casar-me. Já aos catorze anos eu pensava fugir, embora fosse ainda uma parvinha. Agora planeei tudo e estava à sua espera, para lhe perguntar tudo sobre o estrangeiro. Nunca vi nenhuma catedral gótica, quero ir a Roma, quero visitar todos os gabinetes científicos, quero estudar em Paris. Neste último ano tenho preparado e estudado, li muitíssimos livros, li todos os livros proibidos (...) quero mudar completamente a minha siuação social. Não quero ser filha de general (...) Nunca fui para lado nenhum. Sempre em casa, rolhada como numa garrafa, e tenho de sair directamente da garrafa para me casar."

Fiódor Dostoiévski

12 comentários:

miruii disse...

Vai ler os nosso «Livros». Tenho a certeza de que vais gostar.
Do fabuloso autor que é V.F., o que eu postei é dos mais fortes e belos que conheço!

Blueminerva disse...

Já o li à alguns anos e também considero a obra intemporal. Não só "O Idiota", mas toda a obra de Fiódor Dostoiévski.
Neste momento estou a ler a "Primavera Negra" de Henry Miller.
Um abraço

Blueminerva disse...

Ah... adorei a contagem decrescente aí ao lado. Também eu anseio por essa data histórica!
Um abraço

veritas disse...

Gostei. Como ainda não li, vou aproveitar a sugestão.

Votos de um excelente fim-de-semana.

Menina Magrelinha disse...

Dostoi�vsk � bom...

boa semana pra vc!
beijosssss

Berta Helena disse...

Olá Rui Caetano,

Na minha juventude li tudo o que encontrei de Dostoiévski: o Idiota; A Mãe; Crime e Castigo... Livros volumosos mas que devorávamos. Refiro-me às pessoas da minha geração. E não esqueci. Ao ler estas boniras passagem que escolheu vem-me à memória tanta coisa de Dostoiévski. De vez em quando ainda os folheio, leio uma ou outra página. Gostei de recordar.

Um abraço.

ruth ministro disse...

Ainda não li... Ainda.

Beijo

Mrs. Anna T disse...

I could *never* finish reading it. And I read Russian well, so I can't even blame it on bad translation, heh :)

sem naufragar disse...

Olá,
Não conheço nada deste escritor. Mas, promete! Gostei especialmente desta expressão "rolhada como uma garrafa".
Tb não conhecia este espaço e aproveitei o comentário para uma visita.
Obrigada e és bem-vindo, aparece.
d'isa

Mónica disse...

Olá Rui,

por acaso conheço o livro e tenho-o em casa, mas infelizmente ainda não li...mas acho que vou seguir o seu conselho.

Resto de uma semana fantástica! ;)

Guacira Maciel disse...

Olá...
estou aqui vagarosamente, pensativa e analítica... mas existem respostas definitivas para algo tão dinâmico e mutável como a vida? graças a Deus, não!
Como vc mesmo refere no poema:..."o silêncio profundo do futuro [...]ouço apenas o cantar de um pássaro [...] como o vento..."
Tudo tão temporário, Rui...e nem pode "escorar a vida"...
Gostei muito!
Guacira.

Anónimo disse...

caro, rui:
coincidência estou publicando um post sobre o grande fiódor e, à procura de uma imagem no google, encontrei o teu blog.
gostei.
vou postar o teu link na matéria...

abraços literários.