quarta-feira, 18 de junho de 2008

"BASTA DE MEDIOCRIDADE NA POLÍTICA EDUCATIVA"

O meu amigo André Escórcio escreveu um post, no seu blogue http://comqueentao.blogspot.com/, que merece ser lido, relido e muito bem reflectido por todos nós, os professores, os pais/encarregados de educação, a sociedade em geral e os governantes em particular. As imagens são todas da minha inteira responsabilidade.
"Pessoa amiga remeteu-me há algum tempo uma cópia de uma correspondência trocada entre uma professora e o encarregado de educação. Atente-se nos seguintes textos:
MENSAGEM DA PROFESSORA: "Informo que a sua educanda não realizou os trabalhos de casa, pela terceira vez, prejudicando a sua avaliação. Agradecia que a chamasse à atenção".
MENSAGEM DA ENCARREGADA DE EDUCAÇÃO: "Venho por este meio que eu como encarregada de educação sei que por lei os alunos não são obrigados a trazer trabalhos para casa, pelo horário que tem de sair às 18 horas e trinta minutos da escola. E os pais quando chegão a casa tem mais que fazer do que saber se eles tem trabalhos ou não".
É com situações destas que os professores têm de conviver. E não se trata de um caso isolado. Esta é, apenas, uma amostra do que por aí vai. Este é um exemplo, pela característica da escrita, que resulta de uma família cuja formação educativa ficou distante dos patamares mínimos. Mas o que dizer, por exemplo, daquele encarregado de educação, bem posicionado na vida profissional, que perante a falta de estudo do seu educando, pergunta ao professor se as notas do 9º ano contam ou não para a média de final de curso (12º ano)? É que se não conta, senhor professor, não se arrelie.
Ora bem, a questão que se coloca é a de saber que sociedade é que estamos a construir e que escola foi desenhada por este governo para responder aos desafios do futuro. E neste campo de análise que políticas de organização social e de família foram pensadas no sentido de gerar um clima de rigor, de cultura e de responsabilidade? Fico por aqui, sem antes dizer que com centenas de alunos assim, que espelham as famílias que têm, aos professores é-lhes exigido que sejam muito bons e excelentes para poderem ascender, mais rapidamente, na carreira profissional."

14 comentários:

L e n a disse...

vivemos numa sociedade sem respeito, onde cada um faz o que quer e como quer...
essas crianças serão os adultos de amanha..

Um abraço

Gata Verde disse...

Ai, ai...onde iremos parar?

Mar Arável disse...

Bom texto

esclarecido

mariam [Maria Martins] disse...

Olá
bem a propósito do tema deste seu excelente "post" e sobre a música "El maestro - Patxi Andion" do filme "la lengua de las mariposas ",
http://br.youtube.com/watch?v=5xfrRwV33gE

volto a "colar" aqui um coment que fiz num post dum professor que muito prezo (desculpe ser longo)

Sr. Professor
que bem escolhido e oportuno este "post"...
tenho tendência para catalogar mentalmente os filmes que vejo, e, este, sem dúvida que ficou "arrumado" na minha prateira das emoções...
mas, por que será que ficamos com a impressão de que aquele professor "não existe"?...
tenho a maior das admirações pela classe docente, o vosso trabalho é complexo, lidam com seres humanos ainda em formação, por isso, é responsabilidade acrescida, mas, como já dizia meu avô "há bons e maus carpinteiros, bons e maus padres e bons e maus maridos"...e, mesmo um excelente professor(a) se for desautorizado em casa pelos pais/educadores(como já me apercebi por inúmeras vezes através de conversas paralelas), então a "missão" é quase impossível...
como mãe e educadora faço um voto, de que os "bons" nunca se arrependam do esforço, e os "menos bons" se empenhem... estão a formar "gente" (é uma forma de arte)...

um sorriso :)

fadazul disse...

Ai ai ai estou cansada...
e chego aqui deparando-me com tal exemplo!!!!!!!!
creio que meu descanso serábreve, vou continuar... bjks

Alexandro Pestana - www.miradouro.pt disse...

é como em tudo... Há maus alunos como também há maus professores e isso vai ser assim sempre hehe.

Uma coisa é certa. Eu na Venezuela não tinha escola todo o dia, era só de manhã. Aqui as crianças parece que estão internadas na escola, tem o dobro da carga horária e o engraçado é que tem menos capacidades do que os jovens que fizeram a primária/ensino básico/secundário fora de portugal...

pin gente disse...

muito pertinente este teu texto... por vezes tenho a sensação que a situação se descontrolou por completo e não há volta a dar-lhe

abraço
de uma mãe que gostaria de ser mais presente mas que não colabora com "mentirinhas" de meninos.

Joana disse...

Muito pertinente o post do seu amigo André Escórcio e a sua reprodução aqui (eu não teria tido acesso certamente se não o tivesse reproduzido por cá).

Bem, o que posso dizer com certeza é que é muito difícil gerir a heterogeneidade. Quer dentro da sala de aula, quer na relação com os encarregados de educação, quer mesmo na progressão da carreira dos professores (e de quaisquer outros profissionais.)

Sempre achei que professor na Madeira é professor feliz. Não há desemprego, não há indisciplina (de maior), não há grandes problemas. Infelizmente, em especial nos últimos tempos, parece que as coisas não são assim tão lineares, tenho pena e acho que o governo, qualquer um, da região, de Lisboa etc, tem os meios físicos e humanos para resolver as questões mais prementes relativas à Educação e ao Ensino.

No que diz respeito a este caso específico, diverti-me, porque não foi comigo claro, com a escrita peculiar da encarregada de educação, o que me levou a outra conclusão, sem querer retirar o mérito e a razão a quem obviamente o tem: é-se professor, como se é médico: a tempo inteiro e, consequentemente, para toda a gente. Aqui a professora não soube fazer entender à mãe/enc educ o que estava de facto em questão, acho eu. Neste caso, a objectividade/formalidade do recado foi-lhe contraproducente.

Nunca dei aulas na Madeira. Dei sempre cá, mas já dei do 7º ao 12º e depois na Faculdade. Mas acho que há milhentas maneiras de falar aos miúdos e aos encarregados de educação, cada um deles nas suas múltiplas especificidades. Necessariamente. E essa capacidade de adequação tem que ser tão natural no nosso contacto com eles como respirar.

Excelente tema de reflexão! Gostei muito.

Jinhos.

Unknown disse...

O ponto principal que eu retiro de toda esta situação é a grave desresponsabilização dos pais pelos actos dos filhos.

Alias, não sei até que ponto esta ausência paternal/maternal/familiar não causa de muitos dos males que assolam a nossa sociedade actual.

A questão que se coloca é até que ponto iremos nós sustentar a irresponsabilidade paternal no seio da responsabilidade escolar.

Sancionem os pais que vão ver os miúdos a entrar na linha...

Marrie disse...

Desculpe-me a ignorância, mas "encarregado de educação" seria uma referência à família. Quer dizer, os pais ou responsáveis pela criança? é q aqui no Brasil não usamos este termo, por isso pergunto.
E concordo plenamente com o texto do post.
bjs

@martasta disse...

Deve ser por não ter feito os trabalhos de casa que a senhora encarregada de educação tem algumas dificuldades em escrever português correcto! Mas isso, bem, já é outro problema!

É por estas coisas que o ensino está como está e enquanto os pais fizerem e responderem assim, a situação não vai mudar , lamentavelmente :(

bjca xL

Anónimo disse...

não percebi...

então que se lhes deveria exigir?
debitar clichés, um a seguir ao outro, como o que aqui li?
isso até "aquela" família saberia fazer. mais vírgula, menos vírgula...

Espaço do João disse...

Quem faz o milho crescer?
O laranjal florescer?
E o vento forte do sertão, responderá!!! Monhangambé.

Fuba podre , peixe podre , lá nos ruins 50 Angolares. Porrada se refilares... E mais não digo, para muitos entendedores poucas palavras bastam.

effetus disse...

Obrigado pela sua visita e pelo comentário.
Só para lhe dizer que concordo em absoluto consigo.
Esta Educação (ou falta dela...) não nos vai levar a lado nenhum.
Não sou professor, mas tenho uma professora em casa e sei como é custosa a profissão.
Um abraço e bom fim de semana.