quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O recuo da ministra da Educação

A ministra da Educação anunciou hoje medidas de simplificação do modelo de avaliação de desempenho dos professores destinadas a resolver "problemas" relacionados com o excesso de burocracia e a sobrecarga de trabalho dos docentes.
Em conferência de imprensa, no final de um conselho de ministros extraordinário, Maria de Lurdes Rodrigues anunciou que os resultados escolares dos alunos deixarão de constituir um parâmetro da avaliação dos professores, por considerar que é necessário "mais tempo" para que este critério possa ser utilizado com segurança, por ter "revelado dificuldades técnicas e de aplicação".
Entre as medidas de simplificação anunciadas está ainda a redução das aulas assistidas de três para duas, que, ainda assim, só se realizarão por solicitação dos docentes, apesar de serem imprescindíveis para a obtenção das classificações máximas.
De acordo com a ministra da Educação, a existência de avaliadores de áreas disciplinares diferentes das dos professores avaliados, a burocracia e a sobrecarga de trabalho foram os principais problemas identificados pela tutela, depois de realizadas audições junto de todas as escolas e de recolhidos pareceres dos órgãos consultivos.
O Ministério da Educação (ME) compromete-se ainda a compensar nos horários dos professores avaliadores o tempo dedicado à avaliação
Lisboa, 19 Nov (Lusa).
-
Por que razão deixou a situação chegar a este ponto? Só agora é que percebeu o que estava em causa? Só agora, depois das manifestações, das contestações e das greves anunciadas é que encontrou as falhas do sistema de avaliação? Afinal, por onde tem andado a sra. ministra? Ainda continua como ministra da Educação?

1 comentário:

il _messaggero disse...

Olhando ao contexto e ao escalar da situação, julgo que há algumas leituras interessantes a retirar:

- a matriz reformista/autista [riscar o que não interessa] deste governo, nunca poderia ser aposta em causa, sob pena de Sócrates perder legitimidade neste aspecto podendo abrir um precedente algo perigoso, isto quando se anunciam a médio-longo prazo, outras reformas/"afrontas" [riscar o que não interessa] a outras classes;

- a manutenção e defesa da ministra, sob este aspecto, torna-se assim essencial, passando assim a imagem de um governo firme e determinado;

- por outro lado, é interessante verificar, que este excesso de zelo/autismo [novamente riscar o que não interessa], poderia custar importantes apoios eleitorais na entrada para um ano com 3 eleições (incluindo umas legislativas);

Face ao escalar da situação, creio que este recuo deverá ser entendido como tal. O governo certamente não contaria com tanto frenesim à volta do tema (pese os sinais fossem evidentes) e não aguentaria mais uma semana numa posição irredutível, sem que houvesse uma erosão eleitoral significativa. Caso a ministra não cedesse, creio que a mesma, caso se mantivesse a sua posição inicial, não aguentaria mais uma semana no cargo.