sábado, 1 de novembro de 2008

O ranking das escolas

Apesar de servir para a comunidade escolar reflectir sobre os problemas do insucesso e sucesso dos seus alunos, o "ranking" das escolas representa uma enorme injustiça. As médias alcançadas pelos alunos dependem cada vez mais do seu empenho, dedicação, esforço, motivação pessoal, condições do seu seio familiar e do profissionalismo dos professores.
As escolas privadas têm as melhores notas porque possuem os melhores alunos. Estas escolas possuem os alunos mais motivados, com melhores condições sociais, com uma ambiente familiar, normalmente, equilibrado e interessado. A maioria dos alunos mais empenhados e trabalhadores estão nas suas salas.
Nestas escolas privadas, todos os alunos que não entram neste quadro de referência, mesmo que paguem uma boa quantia de inscrição e prestação mensal, estes alunos que desestabilizam as turmas, os mal educados, os que não respeitam os professores nem as directrizes da escola, os desmotivados, no ano seguinte, não renovam a matricula e alguns são mesmo expulsos.
A minha escola tem recebido, ao longo dos anos, imensos alunos expulsos de escolas privadas pelas mais diversas razões.

Esta é a realidade dos factos. A escola privada que se encontra no primeiro lugar que experimente receber os alunos de uma escola pública, sem distinção nem selecção e logo veremos os resultados no final de um ciclo.
O exemplo seguinte, publicado pela Lusa, vem provar, mais uma vez, que a motivação e a dedicação do aluno é o cerne da educação. Os professores são excelentes profissionais no público ou no privado. E os bons resultados aparecem sempre quando os alunos são bons alunos.Se o melhor professor do mundo tiver uma turma de alunos desinteressados, problemáticos do ponto de vista social, que não estudam o mínimo, não respeitam o professor nem os colegas, os resultados serão sempre pouco positivos. O trabalho tem de começar na base, no início da formação integral das crianças. Uma criança com fome, com problemas familiares graves, habituada a um ambiente de violência quase permanente, com falta de atenção, amor e carinho não quer saber dos estudos para nada.
A realidade da nossa sociedade é que há bons e maus professores, há bons e maus alunos, há boas e más escolas, algumas delas muito mal geridas.
"Margarida tem média de 18, mas não se sente excluída pelos colegas, apesar de frequentar uma das "piores" secundárias do país. Para a jovem de 17 anos, os professores da Matias Aires são "excelentes", chegando a fazer as vezes dos pais mais ausentes.
A Escola Secundária Matias Aires, em Sintra, voltou a ficar nos últimos lugares do "ranking" das escolas elaborado a partir das notas dos exames nacionais. Margarida não fez a prova que ajudou à média, mas vive intensamente o dia-a-dia do estabelecimento que ficou em 580º lugar numa tabela de 610.
No 11º ano, Margarida lamenta que as escolas possam ser rotuladas como más, tendo em conta apenas a média das notas alcançadas pelos alunos. A aluna de 17 anos lembra que é preciso conhecer o meio social e reconhecer o trabalho "incansável" dos professores, que, "ano após ano, tentam que a escola fique melhor colocada".
Garante que nunca foi excluída por ser boa aluna e que não são raros os colegas que vêem nela uma explicadora acessível para pequenas dúvidas que surgem nas aulas ou em vésperas de testes. Claro que há alunos que preferem outros "grupos de amigos, tal como acontece em todas as escolas". Mas garante que, ali, "os grupos não nascem por afinidades de notas, dinheiro, cor de pele ou religião". Claro que existem grupos mais problemáticos e que por vezes as rivalidades entre bairros chegam à escola, como aconteceu no ano passado, quando a "Aires foi notícia": "um aluno deu uma facada no braço de outro, mas descobriu-se que eram guerras entre bairros.
Hoje, até acho que se dão bem". "São jovens que vêm de bairros sociais problemáticos, que quase não têm acompanhamento nas escolas e fora delas não têm rigorosamente nenhum", explica a aluna que faz parte da Associação de Estudantes.
Margarida diz que muitas vezes a salvação destes alunos são os professores, que fazem horas extraordinárias para poderem fazer as vezes dos pais que estão ausentes. Mas, claro, "não há milagres".
LUSA

4 comentários:

Alexandro Pestana - www.miradouro.pt disse...

Que se faça um ranking regional para avaliar as escolas da madeira!

amsf disse...

Tendo em conta o nosso PIB seria de supor que a Madeira estivesse em melhor posição! Já me esquecia que o dinheiro da União Europeia e do Orçamento de Estado não compra tudo! Pode comprar betão mas educação e cultura é mais difícil!

Unknown disse...

Ainda bem que existem rankings nacionais para que se possa analisar os resultados numa mesma prova nacional e comparar o que é comparável e relativizar o que é distinto.

Se não existissem classificações por escola e disciplina (com ou sem ordenação) viveriamos no obscurantismo em que os problemas não se tornavam mais evidentes...

Desde que passaram a existir rankings o PSD-M deixou de dizer que tem o melhor ensino do país...

Por isso ainda bem que existem rankings na educação! Deveriam existir rankings para tudo!

Joana disse...

Também tenho muito interesse em que haja um ranking para as escolas da região porque fui aluna aí e professora cá.

Tem razão quando diz que os professores são iguais no público e no privado e que os alunos, pelo contrário, variam.

Não sei é se o factor financeiro é assim tão preponderante. (Somos quatro filhos, fizemos todos a primária no público para ficarmos debaixo do olho (e da asa) da mãe e passamos todos depois para o privado.) Mas o factor pais é. E anda a ser subestimado. Os meus pais não são ricos. Fizeram sacrifícios para andarmos nas escolas em que andámos. Nunca fizeram férias, raramente jantaram fora, mudaram duas vezes de carro... Pais interessados têm filhos motivados para aprender. Por experiência própria.

Jinhos.