domingo, 7 de fevereiro de 2010

Câmaras gastam 20 milhões de euros por ano nos estádios municipais do Europeu

Antigamente, na Índia e na Tailândia, o elefante branco era um animal sagrado que não podia ser usado em trabalho. Quando o rei oferecia um destes animais a um cortesão, este tinha de o alimentar, mas não retirava daí nenhum proveito, ou seja, possuía algo muito valioso, mas que só lhe dava despesas, conduzindo-o, muitas vezes, à ruína. É esta a origem da expressão “elefante branco”, tantas vezes aplicada aos estádios construídos para o Europeu de futebol de 2004.
O Cidades visitou no último mês os cinco estádios públicos construídos para o Europeu e os autarcas, mesmo sem falarem em “elefantes brancos”, olham para essas obras como uma fonte de problemas financeiros.
Os números, aliás, não deixam dúvidas. Braga paga seis milhões de euros por ano à banca, Leiria paga cinco milhões anuais só em amortizações e juros, Aveiro despende quatro milhões no pagamento de empréstimos e na manutenção, enquanto Faro e Loulé gastam, em conjunto, 3,1 milhões por ano em empréstimos e manutenção. Coimbra é que menos paga e mesmo assim, este ano, vai transferir para a banca 1,8 milhões de euros.
Somando estes valores (e em alguns casos a manutenção não está contabilizada), as seis câmaras que construíram os recintos para o Euro 2004 gastam anualmente 19,9 milhões de euros, ou 54.520 euros por dia, montante que terá tendência para aumentar com a subida das taxas de juro.
E se somarmos o que as câmaras de Porto e Guimarães pagam aos bancos pelos apoios que deram aos clubes locais nas obras dos estádios e acessos, a factura anual das autarquias com os empréstimos e manutenção de estádios do Europeu eleva-se para 26,1 milhões de euros.
A autarquia portuense pagou 3,6 milhões de euros em 2009, tendo ainda pela frente 44,5 milhões até 2024. Em Guimarães, a câmara gastou 2,5 milhões de euros no ano passado. Já a Câmara de Lisboa afirma que não contraiu empréstimos por causa do Euro.
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Estes "elefantes brancos" são um escândalo. Uma vergonha nacional. Sorvedores do erário público. Na verdade, este tipo de estratégia, que apenas serve para alimentar os caprichos de alguns "iluminados" deste nosso país, não existe só na Madeira com o PSD.

1 comentário:

MMV disse...

veja-se que cada estádio vale mais que a Madeira...