Ainda lutamos pelos ideais dos republicanos.
Chamar a atenção dos alunos para os valores republicanos foi a intenção de Virgílio Pereira na palestra dada ontem na Escola Gonçalves Zarco.
Virgílio Pereira disse, ontem, que «parece que estamos a lutar ainda pela prática de valores que os tais republicanos defendiam», nomeadamente, a solidariedade social e a disponibilidade para exercer cargos públicos em prol do povo e da Nação.
O Professor falava à margem de uma palestra sobre o tema dos valores republicanos na nossa sociedade, dada na Escola Gonçalves Zarco no âmbito da comemoração dos 100 anos da República.
Conforme explicou, o respeito pelo direito à diferença, a tolerância em relação aos outros são valores que «os republicanos de gema defendiam na altura». Ideais que os «mandaram para a frente e, no dia 5 de Outubro de 1910, às 9 horas da manhã, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, os fizeram declarar a implantação da República».
Virgílio Pereira considera que esses republicanos, na prática, nunca tiveram a sorte de aplicar em pleno os seus princípios. Passados todos estes anos, na sua opinião, «há muita coisa que a gente não atingiu ainda».
O Professor lembra os primeiros anos da República, durante os quais o amor à liberdade e a alegria por ter conseguido a mudança de regime levou o povo para a rua, com expectativas redobradas de um bem estar social e de uma melhoria de vida que foram gorados. «Começaram as greves, os próprios militares começaram a querer fazer intentonas aqui e além e os próprios políticos republicanos perseguiam companheiros de ideário político.
Aquela bagunçada que se constatou na primeira República foi horrível. Levou, infelizmente, à revolução de 1926, à implantação da primeira ditadura militar e, consequentemente,em 1933 à Constituição de 1933 e logo a seguir à ditadura civil que durou até 1974, com o chamado Estado Novo.
Portanto, essa bagunça, esse desentendimento, essa falta de comedimento no uso da liberdade, do confronto de ideias, da falta de respeito e o ostracismo a que se votou o povo secundarizaram aquilo que era fundamental. Tenho a impressão de que isso deve fazer pensar muitos políticos de hoje», disse o Professor.
Apesar disso, Virgílio Pereira salienta não estar dizendo que existe neste momento o perigo de haver um golpe de Estado em Portugal e de se voltar ao antigamente. «Nem há condições para isso, mas há coisas muito semelhantes. Realmente, é preciso pensar.
Estamos, agora, a atravessar uma crise do orçamento. Mais do que os interesses partidários, deve falar bem alto o interesse do país e, mesmo que não se concorde com as medidas que são tomadas, é hora de pensar o que será de Portugal se não tiver um orçamento. Primeiro a Nação, o Povo. Depois, os nossos interesses político-partidários, os nossos ideários mais lactos. Somos todos democratas», disse.
Na sua opinião, as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo da República também devem ser aplicadas na Madeira. Se isso não acontecer, o Governo Regional «vai delapidar as suas receitas», valores que são necessários para as suas despesas e investimentos.
Para além de defender uma maior sensibilização do sector privado para o investimento, Virgílio Pereira diz que «tem de haver, ao mesmo tempo, o máximo de investimento público, tanto quanto possível, com os dinheiros que sobrem destas desgraças todas. Senão, não há crescimento deste País».
Questionado sobre a eventualidade de uma quarta República, Virgílio Pereira disse pensar que seria muito difícil que, neste momento, houvesse um acontecimento nacional tão marcante que pudesse ser considerado um marco na História de Portugal, que levasse a uma nova República.Para além disso, no seu entender, o povo está muito mais esclarecido do que o de 1910 e está farto de teorias políticas, como as da“democracia musculada”, das ditaduras menos férreas ou da volta dos militares ao poder, com que sonham alguns.
Neste contexto, Virgílio Pereira diz que teria de aparecer um grupo ou alguém com um projecto muito bem feito, muito elucidativo e apelativo, que congregasse todas as boas vontades e toda a força do povo português.
«O povo já não vai em questões extremadas», diz o Professor, que defende a necessidade de «aparecer um nova classe de políticos novos que falem ao coração das pessoas, de forma a transparecer seriedade, propósitos firmes, solidariedade, para que isto melhore».
In JM
Chamar a atenção dos alunos para os valores republicanos foi a intenção de Virgílio Pereira na palestra dada ontem na Escola Gonçalves Zarco.
Virgílio Pereira disse, ontem, que «parece que estamos a lutar ainda pela prática de valores que os tais republicanos defendiam», nomeadamente, a solidariedade social e a disponibilidade para exercer cargos públicos em prol do povo e da Nação.
O Professor falava à margem de uma palestra sobre o tema dos valores republicanos na nossa sociedade, dada na Escola Gonçalves Zarco no âmbito da comemoração dos 100 anos da República.
Conforme explicou, o respeito pelo direito à diferença, a tolerância em relação aos outros são valores que «os republicanos de gema defendiam na altura». Ideais que os «mandaram para a frente e, no dia 5 de Outubro de 1910, às 9 horas da manhã, na varanda da Câmara Municipal de Lisboa, os fizeram declarar a implantação da República».
Virgílio Pereira considera que esses republicanos, na prática, nunca tiveram a sorte de aplicar em pleno os seus princípios. Passados todos estes anos, na sua opinião, «há muita coisa que a gente não atingiu ainda».
O Professor lembra os primeiros anos da República, durante os quais o amor à liberdade e a alegria por ter conseguido a mudança de regime levou o povo para a rua, com expectativas redobradas de um bem estar social e de uma melhoria de vida que foram gorados. «Começaram as greves, os próprios militares começaram a querer fazer intentonas aqui e além e os próprios políticos republicanos perseguiam companheiros de ideário político.
Aquela bagunçada que se constatou na primeira República foi horrível. Levou, infelizmente, à revolução de 1926, à implantação da primeira ditadura militar e, consequentemente,em 1933 à Constituição de 1933 e logo a seguir à ditadura civil que durou até 1974, com o chamado Estado Novo.
Portanto, essa bagunça, esse desentendimento, essa falta de comedimento no uso da liberdade, do confronto de ideias, da falta de respeito e o ostracismo a que se votou o povo secundarizaram aquilo que era fundamental. Tenho a impressão de que isso deve fazer pensar muitos políticos de hoje», disse o Professor.
Apesar disso, Virgílio Pereira salienta não estar dizendo que existe neste momento o perigo de haver um golpe de Estado em Portugal e de se voltar ao antigamente. «Nem há condições para isso, mas há coisas muito semelhantes. Realmente, é preciso pensar.
Estamos, agora, a atravessar uma crise do orçamento. Mais do que os interesses partidários, deve falar bem alto o interesse do país e, mesmo que não se concorde com as medidas que são tomadas, é hora de pensar o que será de Portugal se não tiver um orçamento. Primeiro a Nação, o Povo. Depois, os nossos interesses político-partidários, os nossos ideários mais lactos. Somos todos democratas», disse.
Na sua opinião, as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo da República também devem ser aplicadas na Madeira. Se isso não acontecer, o Governo Regional «vai delapidar as suas receitas», valores que são necessários para as suas despesas e investimentos.
Para além de defender uma maior sensibilização do sector privado para o investimento, Virgílio Pereira diz que «tem de haver, ao mesmo tempo, o máximo de investimento público, tanto quanto possível, com os dinheiros que sobrem destas desgraças todas. Senão, não há crescimento deste País».
Questionado sobre a eventualidade de uma quarta República, Virgílio Pereira disse pensar que seria muito difícil que, neste momento, houvesse um acontecimento nacional tão marcante que pudesse ser considerado um marco na História de Portugal, que levasse a uma nova República.Para além disso, no seu entender, o povo está muito mais esclarecido do que o de 1910 e está farto de teorias políticas, como as da“democracia musculada”, das ditaduras menos férreas ou da volta dos militares ao poder, com que sonham alguns.
Neste contexto, Virgílio Pereira diz que teria de aparecer um grupo ou alguém com um projecto muito bem feito, muito elucidativo e apelativo, que congregasse todas as boas vontades e toda a força do povo português.
«O povo já não vai em questões extremadas», diz o Professor, que defende a necessidade de «aparecer um nova classe de políticos novos que falem ao coração das pessoas, de forma a transparecer seriedade, propósitos firmes, solidariedade, para que isto melhore».
In JM
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