domingo, 24 de outubro de 2010

Madeira no topo do insucesso escolar

A Madeira está na cauda do país em matéria de educação. Em todos os ciclos de estudo, a Região tem as mais elevadas taxas de insucesso escolar, segundo o relatório 'Estado da Educação', apresentado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) na Assembleia da República.
O documento mostra que a população portuguesa está mais qualificada, existindo cada vez mais pessoas com nível secundário completo, ainda assim continua com valores inferiores à média europeia. Mas mesmo dentro do país, as discrepâncias são grandes. A Madeira tem os piores resultados no que toca a transições de ano e conclusão de ciclo de estudo. Ou seja, por cá há mais chumbos e mais abandono escolar.
No 1º ciclo do ensino básico (antiga primária), a maioria das Regiões atinge ou ultrapassa os 95 por cento de sucesso. As ilhas e o Algarve destoam, ficando abaixo desse limiar. A medida que se avança no percurso escolar há um agravamento do insucesso.
"No que se refere ao 2º ciclo [5º e 6º ano], dois terços dos núcleos situam-se acima da média nacional, registando-se os valores mais baixos na Região Autónoma da Madeira (86,5%), Península de Setúbal (87,2%) e no Alentejo Litoral (87,7%)", diz o estudo E prossegue: "Relativamente às taxas de transição no 3º ciclo do ensino básico[7º ao 9º ano] , cuja média nacional é de 86%, de novo dois terços dos núcleos estão acima desse valor e mais uma vez a Região Autónoma da Madeira (79,7%), o Alentejo Litoral (81,8%) e a Península de Setúbal (82,2%) apresentam os valores mais baixos".
Secretário queria estes números.
No ensino secundário, os Açores conseguem ultrapassar a Madeira nos maus resultados. Ainda assim, a Região continua entre os piores, sobretudo na transição/conclusão de cursos tecnológicos.
Estas não foram as únicas más notícias para a educação madeirense nos últimos dias. Das 15 escolas onde se fizeram exames do secundário, apenas cinco tiveram médias positivas e nenhuma conseguiu figurar no rol das 150 melhores.
O secretário regional da Educação Francisco Fernandes disse na altura que os rankings são uma maneira "redutora" e "enviesada" de avaliar a qualidade do ensino e as escolas da Madeira, já que ignoram, por exemplo, que na Jaime Moniz, 42 alunos entraram em Medicina.
"Não seria mais justo avaliar-se quantos alunos concluem o 9º ano, quantos o 12º e quantos entram na Universidade?, questionou. A investigação da CNE prova que também aqui a Região está no topo da pirâmide de maus resultados.
Portugal afasta-se cada vez mais da Europa
O I relatório Estado da Educação tem quase 200 páginas e reúne estatísticas, números e projecções oficiais, recolhidos junto dos organismos europeus e portugueses e que traçam a evolução do ensino em Portugal ao longo das últimas quatro décadas.
Segundo o documento, a distância que separa os portugueses da média europeia vai continuar em 2013, ano em que as projecções da UE apontam para uma tendência de 60,8% da população portuguesa com baixas qualificações - valor que na Europa rondará os 23%. Em 2020, quase metade da população activa em Portugal terá baixas qualificações (49,8%), enquanto na Europa, o indicador vai situar-se nos 19,5%.
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Esta realidade merece uma especial atenção por parte de todos os agentes de ensino. Os professores, os órgãos de gestão, os governantes, os pais/encarregados de educação, os ALUNOS e toda a sociedade em geral devem reflectir sobre estes resultados e tomar decisões.
A solução encontra-se na união de esforços, no apoio e na definição de estratégias claras para a EDUCAÇÃO.
Não obstante, no meu entender, um dos primeiros passos a dar tem de incidir na responsabilização pessoal dos alunos e dos pais. A segunda linha de acção deverá tentar acabar com cultura da subsidiodependência e com o vício do receber sem contrapartidas. Depois, trabalhar no sentido de procurar minimizar os problemas sociais graves que atingem a nossa sociedade madeirense.

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