Sem uma palavra crítica para a governação de José Sócrates - o PEC, os cortes no subsídio de desemprego , as convergências "bloco central" com o PSD - Manuel Alegre lançou-se ontem, definitivamente, na corrida presidencial. À cerimónia associou-se, como já se esperava, Carlos César, líder do PS/Açores, que há muito apoia Alegre. E também o mais "socrático" dos socialistas do arquipélago, Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada parlamentar do PS.
As "tréguas" de Alegre com Sócrates expressou-se em três palavras não escritas - mas ditas - no discurso do histórico socialista. Alegre disse: "Nas pessoas do presidente Almeida Santos e do secretário-geral José Sócrates saúdo o Partido Socialista". E no meio improvisou: "O meu partido."
A cerimónia foi preparada com rigor profissional. Atrasou-se para ir ao encontro dos "directos" dos telejornais nacionais. Exactamente às 20.01 Alegre estava a dizer: "E eis as razões por que escolhi Ponta Delgada para, no uso de um direito constitucional, apresentar formalmente a minha candidatura à Presidência da República."
Alegre disse que quer ser, como presidente, "uma alternativa". Mas "não de governo". Uma "alternativa de atitude, de pensamento, de uma outra visão cultural e do mundo": "Uma alternativa cultural, cívica e ideológica e que se projecte no estado geral do País." E criticou - embora sem referências explícitas - a leitura de Cavaco dos poderes presidenciais.
"Ao poder não compete governar", disse. E o "conceito de cooperação estratégica tem implícita a ideia de uma partilha de governação". A qual é "susceptível de gerar conflitos institucionais". "Ao Presidente, para além de garante da estabilidade política e do regular funcionamento das instituições, compete também ser o intérprete e o mobilizador das energias do País".
Atacou também Cavaco - sempre de forma implícita - ao elogiar as políticas em curso de investimento público: "A opção pelo investimento público, que não se resume, como se pretende fazer crer, às grandes obras públicas, mas tem vindo a ser realizado nomeadamente na construção de escolas e hospitais, não pode estar a ser posta em causa por sucessivas intervenções de leituras políticas contrárias à coesão institucional."
A crise passou pelo discurso de Alegre, como não podia deixar de ser. Disse que "além de rigor e austeridade é necessária uma grande exigência ética". Apelou a uma "mobilização geral" contra "os predadores do mercado". Disse que é preciso "tudo fazer para preservar o Estado social". E que Portugal tem de ser "mobilizado" mas só o fará se "compreender o sentido das medidas e dos sacrifícios que lhe são pedidos".
Manuel Alegre manifestou também reservas à ideia de uma revisão constitucional (sendo verdade que, como deputado, votou contra todas). Segundo disse, "os portugueses podem orgulhar-se da actual Constituição". Que é "democrática e uma das mais avançadas da Europa". Ou seja: "A Constituição nunca foi nem é um obstáculo à governação de Portugal". "Tem permitido as mais variadas soluções de Governo, de direita e de esquerda, com maioria relativa ou absoluta, de um só partido ou de coligações".
Prometendo ser "uma referência de probidade", disse, ainda na questão da revisão constitucional: "Não farei de conta que não é comigo e não abdicarei da minha opinião."
Os "jovens" fizeram parte também do discurso do histórico socialista. Alegre apelou para que "façam ouvir a sua voz" e para que "mostrem o que pretendem construir e não privem o País do seu contributo decisivo". "Quero ser mais do que o vosso presidente, quero ser o vosso aliado e o vosso companheiro de viagem."
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1561002
As "tréguas" de Alegre com Sócrates expressou-se em três palavras não escritas - mas ditas - no discurso do histórico socialista. Alegre disse: "Nas pessoas do presidente Almeida Santos e do secretário-geral José Sócrates saúdo o Partido Socialista". E no meio improvisou: "O meu partido."
A cerimónia foi preparada com rigor profissional. Atrasou-se para ir ao encontro dos "directos" dos telejornais nacionais. Exactamente às 20.01 Alegre estava a dizer: "E eis as razões por que escolhi Ponta Delgada para, no uso de um direito constitucional, apresentar formalmente a minha candidatura à Presidência da República."
Alegre disse que quer ser, como presidente, "uma alternativa". Mas "não de governo". Uma "alternativa de atitude, de pensamento, de uma outra visão cultural e do mundo": "Uma alternativa cultural, cívica e ideológica e que se projecte no estado geral do País." E criticou - embora sem referências explícitas - a leitura de Cavaco dos poderes presidenciais.
"Ao poder não compete governar", disse. E o "conceito de cooperação estratégica tem implícita a ideia de uma partilha de governação". A qual é "susceptível de gerar conflitos institucionais". "Ao Presidente, para além de garante da estabilidade política e do regular funcionamento das instituições, compete também ser o intérprete e o mobilizador das energias do País".
Atacou também Cavaco - sempre de forma implícita - ao elogiar as políticas em curso de investimento público: "A opção pelo investimento público, que não se resume, como se pretende fazer crer, às grandes obras públicas, mas tem vindo a ser realizado nomeadamente na construção de escolas e hospitais, não pode estar a ser posta em causa por sucessivas intervenções de leituras políticas contrárias à coesão institucional."
A crise passou pelo discurso de Alegre, como não podia deixar de ser. Disse que "além de rigor e austeridade é necessária uma grande exigência ética". Apelou a uma "mobilização geral" contra "os predadores do mercado". Disse que é preciso "tudo fazer para preservar o Estado social". E que Portugal tem de ser "mobilizado" mas só o fará se "compreender o sentido das medidas e dos sacrifícios que lhe são pedidos".
Manuel Alegre manifestou também reservas à ideia de uma revisão constitucional (sendo verdade que, como deputado, votou contra todas). Segundo disse, "os portugueses podem orgulhar-se da actual Constituição". Que é "democrática e uma das mais avançadas da Europa". Ou seja: "A Constituição nunca foi nem é um obstáculo à governação de Portugal". "Tem permitido as mais variadas soluções de Governo, de direita e de esquerda, com maioria relativa ou absoluta, de um só partido ou de coligações".
Prometendo ser "uma referência de probidade", disse, ainda na questão da revisão constitucional: "Não farei de conta que não é comigo e não abdicarei da minha opinião."
Os "jovens" fizeram parte também do discurso do histórico socialista. Alegre apelou para que "façam ouvir a sua voz" e para que "mostrem o que pretendem construir e não privem o País do seu contributo decisivo". "Quero ser mais do que o vosso presidente, quero ser o vosso aliado e o vosso companheiro de viagem."
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1561002
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