O serviço público de rádio e televisão na Madeira está ameaçado. Porque a RTP não dispõe na Região dos meios humanos e materiais capazes de darem resposta às exigências da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que faz um escrutínio autónomo da Madeira e dos Açores em relação aos demais canais da RTP.
O DIÁRIO apurou que oito meses depois da demissão do antigo responsável - alegando falta de condições e recursos - pouco ou nada mudou, tendo a situação piorado ao nível dos recursos humanos.
Com 14 jornalistas a tempo inteiro na televisão e apenas nove na rádio, a RTP-Madeira não tem condições para garantir o pluralismo que a ERC exige, nem dá resposta às diferentes solicitações da sociedade madeirense.
Em Março o presidente da RTP, Guilherme Costa, garantiu ao DIÁRIO que a empresa admitiria três ou quatro "jornalistas mais experientes", confirmando um plano de investimentos no valor de 3 milhões de euros, com a construção dos estúdios e demais instalações da RDP em Santo António, bem como a aquisição de equipamento diverso.
Dois meses depois da nova equipa ter sido anunciada, pouco ou nada mudou. Aliás só piorou ao nível dos recursos humanos. No caso da rádio, a saída de Gil Rosa para a direcção de canais e antena e não substituição de um jornalista-coordenador falecido deixou a informação sem chefe de serviços, situação que se mantém há mais de um mês. Pese a promessa de Guilherme Costa, a verdade é que o reforço da rádio e televisão será feito com a contratação de apenas um jornalista, já que as duas outras 'caras novas' já trabalhavam para a empresa.
O facto de nos últimos anos o número de jornalistas ter sido reduzido torna a situação insustentável, gerando revolta já que o serviço prestado não é o que os responsáveis e os demais profissionais da RTP-Madeira pretendiam, gerando desconfiança e dúvidas quanto aos critérios e qualidade profissional.
Madeira tem o mais baixo rácio
Um olhar aos indicadores dos recursos humanos da RTP permite concluir que a Madeira é o centro com mais baixo rácio de profissionais ligados à informação, pois dos 158 funcionários, apenas 17% são jornalistas a tempo inteiro, pois 10 dos 37 profissionais referenciados são operadores de imagem.
Um olhar aos Açores (26,2%) e ao Porto (25,9%) - tem 362 funcionários, 94 jornalistas - permite concluir que a Madeira ainda teria margem para admitir jornalistas, até pelas especificidades que um centro regional numa ilha acarreta, o que afinal não vai acontecer. Para mais o Porto nem tem canais regionais de rádio, enquanto a Madeira tem dois.
No caso da RTP-M, a polivalência exigida leva a que os jornalistas sejam realizadores - a informação só tem um - e coordenadores, o que está a originar situações insustentáveis, que não se verificam em mais nenhuma outra canal da empresa. A falta de operadores e de câmaras de reportagem leva a que a agenda de informação não seja cumprida e certos trabalhos sejam inviabilizados.
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