sexta-feira, 5 de março de 2010

Lições da Madeira

De um dia para o outro, a solidariedade deixou de ser uma palavra de combate, uma promessa ou uma reivindicação, consoante era gritada em Lisboa ou no Funchal por políticos furiosos. Tornou-se aquilo que sempre foi: um sentimento de pertença recíproca, natural e poderoso, que não cede nem vacila só porque uns políticos exaltados se põem a gritar uns com os outros. A solidariedade impôs-se como facto indiscutível perante a necessidade e a urgência reclamadas pela tragédia madeirense, tal como se impôs há 30 anos quando um terramoto destruiu Angra do Heroísmo.
(...)
Não menos esclarecedor sobre um certo modo de fazer política é a resposta de Jardim às denúncias e alertas de especialistas, documentadas em jornais antigos e programas de televisão, para o que agora veio a acontecer. Se a trágica lição destes dias é esclarecedora do ponto de vista da solidariedade nacional e instrutiva quanto ao que devem ser as relações institucionais, não o é menos quando nos mostra, uma vez mais, como os erros e abusos urbanísticos se pagam caro em catástrofes naturais.
A lição vale tanto para a Madeira como para o continente. E tentar calar com insultos os que apontam esses erros e abusos, ou é arrogância estulta perante a Natureza, ou apenas má consciência.

Sem comentários: