segunda-feira, 29 de março de 2010

Taludes seguros caso a caso - Amílcar Gonçalves diz que teremos de ser razoáveis em termos de custo/benefício

Derrocada, quebrada, deslizamento ou aluimento de terras. As palavras diferem mas o efeito catastrófico é o mesmo. A água é o grande catalisador do fenómeno das derrocadas. Há zonas cujo deslize foi de toda a terra e coberto vegetal existente (um a dois metros) que 'descolou' e deslizou sobre enormes lajes de pedra.
Precipitação intensa e localizada (no dia 20 de Fevereiro choveu mais no Trapiche do que no Areeiro); avaliações optimistas de inclinações/taludes; estradas íngremes que funcionam como linhas de água quando chove muito; acção erosiva da pluviosidade; índices pluviométricos anormais (o Departamento de Hidráulica e Tecnologias Energéticas do LREC, responsável pelos udómetros instalados em vários locais registou precipitações anormais que quase diferem de lombo para lombo); inexistência de medidas cautelares necessárias para consolidação de terrenos permeáveis e ausência de taludes de protecção (as paredes dos nossos poios funcionam como tal) são factores causadores de deslizamentos e de acidentes graves.
A impermeabilização dos solos, a ocupação de solos com espécies vegetais inadequadas face ao declive (a gravidade de acácias e eucaliptos de grande porte em encostas superiores a 16.º graus), são factores de risco acrescido. "Precedentes pluviométricos anormais também são causadores de deslizamentos, que quando ocorrem em zonas habitacionais, causam desalojados e prejuízos graves nos imóveis e serviços públicos de abastecimentos, por não terem sido tomadas as medidas cautelares necessárias, para consolidação de terrenos permeáveis e taludes de protecção", alerta o Plano de Emergência de Protecção Civil do Concelho do Funchal na parte dos 'Riscos/Catástrofes de origem natural'.
Amílcar Gonçalves é vereador sem pelouro na CMF e engenheiro do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC), do Departamento de Estruturas e Materiais. É ele que lidera o gabinete autárquico criado para estudar soluções para conter taludes e encostas instáveis.
Ao DIÁRIO, disse que a solução técnica para a sustentação das mais de 200 derrocadas ocorridas no Funchal no dia 20 será decidida caso a caso. Depende da qualidade do solo, da saturação e do que existe por cima e por baixo do talude. E a Divisão de Obras Públicas da CMF joga aqui um papel fundamental.

http://www.dnoticias.pt/default.aspx?file_id=dn04010211290310

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Esta nova atitude por parte da Câmara Municipal do Funchal é digna de relevo. Finalmente, verifico alguma ponderação e sentido de responsabilidade nesta questão das zonas de risco. Parece que há agora uma nova estratégia para as zonas altas do Funchal. Positivo, muito positivo.

No entanto, não posso deixar de perguntar, por que motivo só agora é que assumem esta nova visão para as zonas altas da nossa cidade? Por que razão não tiveram esta mesma atitude antes de permitirem as construções desordenadas e em zonas de risco iminente? Porque não tiveram uma política de solos, ao longo dos anos, tal como defendiam alguns partidos da oposição?

Esperemos que tenham aprendido com os erros!

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